terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Dificuldade de Aprendizagem em Sala de Aula no Ensino Fundamental

Autor: ANTONIO PEREIRA DA SILVA FILHO

Diversas pesquisas evidenciam que a relação pais e filhos, refletem muito no desenvolvimento do aluno em classe. Assim, fica evidente que, conforme resultado da pesquisa, 5% dos alunos de classes como a 5ª série atribuíram nota 1 a sua relação com os pais e 8% dos alunos da 2ª série atribuíram nota 3 e 4 a esta relação. Estes dados evidenciam de forma nítida, que existem diversos entraves na relação familiar, ou seja, diversos pontos de melhoria.

Certamente os motivos são inúmeros, valendo apenas citar apenas alguns deles: Falta de dialogo; Desestrutura familiar; Violência domestica; Vícios; Dificuldades financeiras e Cultura de desvalorização familiar.

Percebe-se, dessa forma que o contexto acima se constitui como situações que levam crianças e adolescentes a atribuírem notas baixíssimas a um relacionamento que deveria se sobressair no que tangem a sua abordagem. Afinal, quando pessoas dessa faixa etária não conseguem se relacionar bem com seus genitores, dificilmente o farão com colegas, professores, em fim comunidade como um todo. O que, influenciará em muito no desenvolvimento escolar, tornando-se um dos principais responsáveis pelo fracasso escolar dos diversos indivíduos.

Existe, infelizmente, por parte dos responsáveis pela avaliação escolar, certa desvalorização e/ou descaso quanto ao que o aluno pensa sobre a instituição escola. Aparentemente, apenas os gestores e professores precisam achar algo e, a peça principal, tem sido totalmente ignorada – o ALUNO.

Contrariando pensamento de muitos que se dizem "Educadores" esta pesquisa procurou saber o que o aluno pensa em relação à escola. O que se percebeu é que é preocupante se descobrir que 8% dos alunos de 2ª série, por exemplo, atribuíram nota "1" a sua escola, 11% dos alunos de 6ª série e 12% dos alunos de 7ª série atribuíram nota "2". Percebe-se, assim, que existe uma insatisfação considerável por parte dos alunos em relação à instituição em que estão inseridos.

Seria inadmissível ao analisarmos dados como esse, não pensarmos nas suas causas. Assim, "o que poderia levar os alunos a atribuírem notas tão aquém do que se esperava?" certamente se existe uma instituição que precisa ser melhorada urgentemente, sem sombra de duvidas, a mesma chama-se E-S-C-O-L-A.

Vale lembrar, assim que não apenas as notas atribuídas pelos alunos à instituição, como também, o desempenho dos mesmos, como o "sucesso" de poucos e o "fracasso" escolar de muitos, vem evidenciar que todos esses dados soam como um grito de socorro.

Urge que se faça uma grande mudança na instituição escolar, à mesma poderia se começar pela formação dos educadores, material didático disponibilizados, reestruturação do espaço, bem com, o das classes escolares, entre outras. Assim, se as mudanças ocorrem o grau de satisfação não apenas dos alunos, mais de todos inseridos na comunidade escolar, indubitavelmente aumentarão.

Praticamente, faz parte da rotina escolar o professor avaliar seus alunos. O contrário, dificilmente acontece: "alunos avaliarem professores". Assim, este último se coloca como ser "inerrante", "soberano" e "sacramentado", enquanto que o primeiro se torna único ser "falível", "errante", e "humano" para não dizer "profano".

Esta pesquisa nasce, exatamente, no intuito de mudar o foco e, desta forma, alunos tem a oportunidade de avaliarem seus professores. Assim, percebe-se que não são poucos os alunos insatisfeitos com seus "mestres", daí justifica-se o fato de 11% de alunos da 1ª série e 8% de alunos da 3ª série atribuírem nota "3". Vale ressaltar, também, que 5% dos alunos de 7ª série atribuíram nota "2" ao seu relacionamento com os seus professores.

Vale lembrar, que os resultados não se constituem apenas no pensamento de muitos alunos, aproveitarem, quiçá a única oportunidade da revanche. Mas, os mesmo se constitui também, numa forma dos alunos afirmarem que estão cansados de tradicionalismo, de um ensino que não serve para a vida, de uma teoria que não se atrela a prática, de uma educação que cria um copista mais não o produtor, o criador; que forma o memorizador mais não auxilia na formação daqueles que conseguem interpretar dados. Esperamos, portanto, que os da pesquisa sejam bem interpretados e possam servir para grandes tomadas de decisões.

Apesar da relação entre colegas se constituir, ao menos aparentemente, uma das mais amigáveis, numa das mais pacificas e das mais importantes, sobretudo para crianças e adolescente, pode-se perceber nesta pesquisa, que existem muitos problemas de relacionamentos inter-pessoais em nossas instituições escolares. Assim, 11% dos alunos de 1ª série entrevistados, atribuíram nota "3" ao seu relacionamento com colegas de classe; 10% dos alunos de 2ªsérie atribuíram nota "1"; 5% dos alunos de 5ª série atribuíram nota "2".

Desta forma, percebe-se que as relações entre colegas não tem sido tão pacíficas quanto parecem. Daí, o aumento de publicações referente ao bullying em sala de aula, bem como, a problemáticas referentes aos relacionamentos no geral.

As causas podem ser diversas, tais como, conseqüência de uma vida competitiva, stress relacionado à correria da sociedade moderna e, principalmente conseqüência e/ou reflexo de uma vida familiar fragmentada ou perturbada.

Assim, as conseqüências não poderão ser evitadas e as mesmas podem variar desde ao isolamento, violência em sala ou fora dela, até ao desinteresse pela vida escolar. Vale lembrar, portanto, que não se pode apenas visualizar estes dados e cruzar os braços frente a uma problemática tão evidente. Há muito a ser feito!

A forma como os alunos avaliam seus pais, sua escola, seu professor e seus colegas são sobremodo importantes, porém, nada se compara ao valor do aluno se auto-avaliar, olhar para si mesmo e se perceber enquanto tal.

Foi exatamente o que aconteceu na pesquisa realizada. Os alunos tiveram oportunidade de fazer uma auto-análise, e os resultados foram, concomitantemente, positivos e negativos. Positivos, pelo fato, de os alunos comprovarem por meios de dados serem sabedores de que precisam melhorar seu desempenho acadêmico. Negativo, pelo fato de atribuírem notas tão baixas ao seu desempenho. Dos alunos de 3ª série, por exemplo, 17% atribuíram nota "5" ao seu desempenho, 11% dos alunos de 1ª série atribuíram nota "3" e 6% dos alunos de 8ª série atribuíram nota "2"..

Sem dúvida, o mercado atual exige jovens criativos, empreendedores e/ou pró-ativos. A grande responsabilidade da instituição escolar é prepará-los não apenas para este mercado, mas, sobretudo, para a vida, pessoal, social, econômica e política.

Portanto, é notório, a motivação do aluno é um assunto que vem à tona cada fez que se considere o problema do sub-rendimento ou do fracasso escolar. Mais ainda, as conseqüências da desmotivação estendem-se muito além dos resultados na situação imediata da sala de aula, atingindo a realidade pessoal e profissional da pessoa, o exercício da cidadania e até a eficácia no trabalho pelo desenvolvimento e pela promoção social de nossa gente.

Percebe-se que os piagetianos defendem que as interações no grupo podem criar o conflito cognitivo e o desequilíbrio que leva cada indivíduo a questionar seu próprio ponto de vista e assim tentar novas idéias.

No entanto a teoria de Vygotsky sugere que as interações são importantes para a aprendizagem porque as funções mentais mais elevadas como o raciocínio, a compreensão e o pensamento crítico têm origem nas interações sociais e são interiorizadas pelos indivíduos.

"Nosso modelo educacional mostra há alguns sinais de esgotamento, e nesse vazio de idéias, que acompanha a crise paradigmática, é que surge o momento oportuno das transformações".

(MANTOAN, 2003, p. 16).

Observando um aluno pouco interessado nos conteúdos e atividades escolares pode, à primeira vista, atribuir essa falta de motivação a fatores emocionais, familiares, financeiro, a característica de personalidade, preferência por outras situações não ligadas à escola, como jogos, cinema, música, entre outros. No entanto, a motivação de um aluno e suas causas não é um assunto que se limite à família, a ele próprio ou a outras condições fora da situação escolar. O que ocorre normalmente é uma combinação de fatores, resultando num sistema de interações multideterminadas. De maior relevância é o que acontece dentro da escola e da própria classe.

Além do exposto, também se acredita que chegou a hora de um novo olhar, que é um tempo de despertar para que, num sentimento de conquista, se possa suscitar o desejo de aprender no aluno e que o diálogo seja uma constante na obtenção de bons resultados quanto ao rendimento escolar. Devemos tratar nossos alunos de igual para igual, o conhecimento a ser aprendido faça sentido na sua vida e as dificuldades em sala de aula devem fazem parte do processo de aprendizagem

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EVELY BORUCHOVITCH, Contribuições da psicologia contemporânea. Ed. Vozes, 2002.

GADOTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1989.

GADOTI, Moacir. Histórias das idéias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 1999.

KATZELL,M.E. Expectations and dropouts in schools of nursing. Journal of Applied Psychology, v. 52, n. 2 p. 154-157, 1968.

KREPSKY, Marina Cruz. Dificuldades de aprendizagem: movimentos discursivos na voz dos alunos. 2004. 177fls. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Regional de Blumenau - FURB, Blumenau.

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TAYLOR, ADEMAN. O nascimento da inteligência na criança, Ed. ZAHAR 1990

PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

MANTOAN. Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003

VIGOTSKY, L. S. Mind in society. Cambridge/London, Harvard University Press.

http://www.artigonal.com/educacao-online-artigos/dificuldade-de-aprendizagem-em-sala-de-aula-no-ensino-fundamental-4008054.html

Perfil do Autor

Graduado em Ciências Econômicas

Pós - Graduado em Psicopedagogia

Mestre em Ciências da Educação

Doutorando em Ciências da Educação

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